As informações aqui apresentadas estão descritas de forma simplificada para o público leigo, não sendo seu objetivo abranger todo o assunto em suas incontáveis nuances. É importante que se discuta cada caso com o médico do paciente, sendo esta a melhor forma do leigo adquirir conhecimento sobre as doenças.
Câncer de estômago (Câncer gástrico)
O estômago é o órgão responsável pelo armazenamento inicial dos alimentos e também por parte da digestão. Ele fica na região superior do abdome.
O câncer de estômago é um dos mais comuns entre os Brasileiros. Costuma ocorrer em pacientes com mais de 50 anos, mas pode ocorrer em pacientes mais jovens.
O tipo histológico (tipo de célula que dá nome ao tumor) mais comum é o adenocarcinoma (95% dos casos). Este tumor tem origem nas células que revestem o estômago internamente (células que estão em contato com o alimento durante a digestão). Outros tipos histológicos são raros, como o GIST (Gastrointestinal Strumal Tumors), o carcinoma endometrióide e o linfoma gástrico. Em termos gerais, quando se fala de câncer gástrico, está se referindo ao adenocarcinoma.
Fatores de risco:
- Alto consumo de alimentos defumados, enlatados, com corantes,
conservados no sal, nitratos.
- Tabagismo
- Gastrite atrófica e metaplasia intestinal
- Infecção por Helicobacter pylori (Bactéria que pode causar
úlcera gástrica)
- Anemia perniciosa
- Pólipo gástrico adenomatoso
- Gastrectomia parcial prévia (Retirada parcial do estômago há
muitos anos)
- Outros
Sintomas
Este tipo de tumor costuma não causar sintomas no início. Os sintomas mais comuns são o emagrecimento, cansaço, plenitude precoce (quando o paciente sente-se satisfeito e com “estomago estufado” mesmo tendo comido pouco), vômitos com ou sem sangue, e dor abdominal.
O diagnóstico precoce não é comum. Geralmente ocorre quando o paciente faz endoscopia por outro motivo e descobre a lesão por acaso. Não existe indicação de realização de endoscopia ou outro exame de rotina (pacientes sem sintomas) para diagnóstico do câncer de estômago, exceto em países onde este tipo de tumor é muito comum (como no Japão, não sendo o caso do Brasil) ou em pacientes de alto risco.
Exames
O exame utilizado para o diagnóstico definitivo do câncer de estômago é a endoscopia digestiva alta com biópsia da lesão.
Os exames utilizados para estadiamento do tumor variam conforme a instituição, mas geralmente incluem: (1) Tomografia computadorizada de abdome (para avaliar a extensão da lesão no estômago e visualizar o fígado, sítio freqüente de metástases); (2) Rx de tórax, faz parte tanto da avaliação pré-operatória quando do estadiamento; (3) exames de sangue. Outros exames podem ser solicitados conforme os sintomas do paciente.
Tratamento do câncer de estômago
A cirurgia é a principal forma de tratamento do câncer de estômago. O tipo de cirurgia varia conforme o tipo do tumor, sua localização e se o tumor está apenas no estômago ou avançou para outro órgão.
A laparoscopia já vem sendo utilizada na cirurgia do câncer de estômago desde 2000 com intenção de avaliar a ressecabilidade da lesão e a presença de lesões que não foram visualizadas no pré-operatório. Além disso, a gastrectomia videolaparoscópica já é possível para tumores iniciais. Os principais benefícios da laparoscopia são: menor dor pós-operatória; recuperação pós-operatória mais rápida; menor sangramento; além do benefício estético de incisões menores.
Geralmente a cirurgia considerada curativa inclui a ressecção do estomago (Gastrectomia) com margem de segurança, isto é, além de se retirar o tumor visível é importante retirar tecido aparentemente normal que possa conter células do tumor. Também deve ser realizada linfadenectomia, que consiste na retirada dos linfonodos (gânglios) para onde o tumor costuma se disseminar.
Após a cirurgia, o material retirado é enviado para estudo anatomopatológico e conforme a necessidade pode ser realizada quimioterapia e/ou radioterapia com intenção de maximizar as chances de cura.
Nos casos em que o tumor é considerado irressecável (não é possível a retirada do tumor) existem cirurgias que podem melhorar a qualidade de vida do paciente e permitir que ele realize outras formas de tratamento.
Complicações da cirurgia
Complicações significativas ocorrem em 5 a 15% das gastrectomias e variam conforme o tipo de gastrectomia, as condições do paciente e do tumor. Muitas das complicações são menores, comuns a qualquer procedimento cirúrgico, como retenção urinária e íleo (período que o intestino leva até voltar a funcionar). As complicações significativas mais freqüentes são: hemorragia, infecção de ferida operatória, íleo adinâmico, fístulas, complicações respiratórias e cardiovasculares, além das relacionadas à anestesia, como as reações alérgicas.
Recuperação após a cirurgia
Dependendo do tipo de gastrectomia realizada (total ou parcial) o paciente permanece em jejum por 2 a 5 dias, recebendo sua nutrição pela via intravenosa. Nos casos de gastrectomia parcial, assim que o intestino do paciente volta a funcionar, a dieta oral vai sendo reiniciada.
Nos primeiros dias a dor pós-operatória costuma ser controlada com uma combinação de analgesia peridural (administrada por cateter “na coluna”) e analgesia intravenosa. Durante este período o paciente é estimulado a caminhar e ir ao banheiro conforme sua necessidade. Também realiza fisioterapia motora e respiratória.
Por volta do 5º dia de pós-operatório, a maioria dos pacientes já se encontra em condições de receber alta.
O próprio paciente vai reintroduzindo os alimentos de sua dieta normal no pós-operatório, conforme orientação e supervisão nutricional. Alguns cuidados são importantes após gastrectomias, como comer pequenos volumes várias vezes por dia e evitar doces e refrigerantes.